Intervenção pedagógica com o jogo esconderijo

Maria Belintane | 23 abr 2020

Intervenção pedagógica com o jogo esconderijo

Profª Drª Sonia Bessa

Universidade Estadual de Goiás

Dentre os diferentes tipos de jogos os de tabuleiro, são muito apreciados por crianças de qualquer idade. O jogo “esconderijo” pode ser facilmente confeccionado, necessita de:

  • 01 tabuleiro
  • 02 dados
  • 01 peão para cada jogador (de 2 a 4 participantes)

Este jogo exige do aluno, realizar adições com unidades e dezenas, cálculo mental, números sucessores e antecessores e a relação termo a termo das quantidades.

“Esconderijo” é um jogo de percurso, exige também orientação espacial, para saber quando é possível mudar de círculo e qual o sentido dos deslocamentos. Há ainda regras sobre perder ou ganhar jogadas e o desafio de somar as parcelas obtidas nos dados. Às vezes a partida pode se tornar longa. Isso não representa qualquer tipo de problema, pois não desanima os jogadores que seguem entusiasmados até o final.

Ao realizar uma partida, cada jogador coloca seu peão num dos quatro pontos que está marcado INÍCIO no tabuleiro. Na sua vez, o aluno lança os dados e caminha, em sentido horário, o número de casas da soma dos dados. Se parar em uma casa marcada com a seta, deve seguir a direção por ela indicada e, na próxima jogada, continuar no círculo interior, no mesmo sentido em que estava. Caso pare numa casa com listras finas (ou vermelha) ficará uma vez sem jogar. Na casa com listras largas (ou verde), ao contrário, ganhará uma jogada extra. Aquele que primeiro atingir o ESCONDERIJO, no centro do tabuleiro, é o vencedor do jogo.

As imagens 1 e 2 nos permitem verificar como uma criança realiza a operação de adição. Nesse caso, a menina apresenta muita dificuldade e soma os pontos dos dados para conseguir seguir ir adiante. Ela precisa contar cada um dos pontos da face do dado porque não consegue fazer relação do número de pontos e a quantidade que ele representa. Isso significa que não tem sentido para a criança decorar os numerais e fazer exercícios de ligar a quantidade de maçãs ao número correspondente. Não é assim que a criança constrói o número e o que representa a sua quantidade.

A menina tem como referência os pontos dos dados, ao jogar os dados ela pode tirar de 2 a 12 pontos. Ela conta os pontos dos dados um a um, mesmo que seja a operação + 1 a criança precisa conferir o ponto do dado, para ter certeza. Por exemplo, ela joga os dados e obtém 6 e 1. Para saber que precisa andar 7 casas, ela precisa contar 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7.

Conforme Kamii (2005 p. 15) esse é um procedimento normal quando as crianças ainda não conseguem perceber a inclusão hierárquica que é a capacidade mental de incluir “um” em “dois”, “dois” em “três”, e assim sucessivamente. É como se o todo não existisse. As crianças conseguem até pensar no todo, mas não quando estão pensando nas partes “para comparar o todo com a parte, a criança tem que executar duas ações mentais ao mesmo tempo – dividir o todo em duas partes e fazer com que essas duas partes voltem a formar o todo” (KAMII 2005, p.16).

Referências

KAMII, Constance. Crianças pequenas continuam reinventando a aritmética. Porto Alegre: ArtMed, 2005.